José Saramago, escritor português, evidencia em sua obra "Ensaio sobre a cegueira" um contexto social no qual o corpo civíl tende a "cegar-se" diante de um problema. Fora da ficção, nota-se na contemporaneidade brasileira, uma realidade semelhante à apresentada por Saramago, visto que os desafios para a valorização da herança africana ainda persistem e não fazem parte dos discursos sociais e políticos. Nesse contexto, vê-se fulcral ressaltar a negligência escolar e a omissão midiática como questões a serem enfrentadas.
Em primeiro plano, é válido salientar o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o qual afirma em seu conceito de "zumbificação", que algumas instituições tendem a perder suas funções, passando a atuar como "zumbis". A partir disso, é notório que as escolas brasileiras encaixam-se na ideia de Bauman, uma vez que elas falham em incluir matérias relacionadas à história africana no currículo escolar, limitando-se ,apenas, ao período escravocrata. Consequentemente, os estudantes ficam omitidos em relação aos costumes, crenças e conhecimentos advindos da África, e assim terminam por não valorizar essa cultura de tamanha importância. Dessa forma, percebe-se que a apatia escolar deve ser solucionada para o bom desenvolvimento da nação.
Ademais, é evidente que o silenciamento midiático corrobora o revés. Nesse sentido, o empresário Steve Jobs afirma que a tecnologia é um meio capaz de mover o mundo. No entanto, a ausência de campanhas e informações acerca do legado africano nas redes sociais contraria o pensamento de Jobs, dado que essa escassez informativa confere ao problema um caráter marginalizado, ou seja, a população é ocultada e assim não busca nenhum conhecimento acerca da temática, impedindo sua visibilidade. Dessa maneira, é indispensável a mudança desse quadro.
Portanto, diante do exposto, é urgente a criação de meios para conter o entrave. Logo, é imprescindível que o Ministério da Educação- órgão competente responsável pelo bem-estar social- garanta a valorização da história africana, isso deve ser feito através da inserção de matérias e palestras referentes a esses povos no currículo escolar, com a finalidade de promover visibilidade às tradições e conhecimentos. Além disso, urge que o Ministério da Comunicação promova o engajamento midiático da população, por meio de publicações nas redes sociais, afim de disseminar conhecimento acerca da temática nos meios tecnológicos. Somente assim, o empecilho apresentado na obra "Ensaio sobre a cegueira" não será mais uma realidade.