A música “Raiz De Todo Bem” do cantor Saulo, apresenta em sua letra, uma narrativa da valorização da cultura africana para com a formação da identidade histórica e cultural brasileira. Ao transpor essa obra artística, nota-se que, apesar do lapse temporal e de caracterizar a África como “raiz” da história do país verde-amarelo, a cultura africana é constantemente marginalizada pela população brasileira, através do preconceito racial, cultural e religioso, consequência da negligência governamental com a preservação do patrimônio cultural, o apagamento histórico e a ausência do ensino enraizado sobre tais pautas nas escolas brasileiras, dificultando assim o reconhecimento da cultura africana como herança no Brasil.
Sob esse viés, vale salientar que, a intolerância religiosa, o preconceito racial e cultural são empecilhos que afetam o aprofundamento em tais tradições e costumes africanos. Nesse contexto, desde a Antiguidade, a população negra originária da África fora marginalizada e escravizada, assim como sua cultura e religião - Demonizada pelo cristianismo - Diante de tal fato, torna-se perceptível que perpetua-se nos dias atuais, uma bagagem ideológica preconceituosa onde o racismo estrutural e a intolerância contra religiões afrodescendentes e a marginalização de tradições, como o Candomblé e a Capoeira, por exemplo, permanecem em evidência, ao enraizar o preconceito e, consequentemente, impossibilitar a propagação da cultura africana como patrimônio cultural da sociedade brasileira.
Outrossim, torna-se explícito que, a negligência governamental em preservar e na manutenção de patrimônios materiais, juntamente com a falta de ensino e incentivo à memória, apagam e desvalorizam as raízes africanas presentes no Brasil. Nesse sentido, John Locke, em seu conceito de “Contrato Social”, garante que é dever do Estado garantir os direitos e promover a harmonia entre os cidadãos e o ambiente em que vivem, e, ao propagar tal exclusão cultural, - como a gentrificação do Pelourinho em Salvador - A ausência da valorização e do ensino de tradições em instituições de educação brasileira, ocorre a quebra de tal contrato, onde segrega a camada vulnerável e as minorias afrodescendentes e apaga as raízes históricas materiais e imateriais.
Portanto, é incontestável a necessidade da resolução de tal problemática, onde o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Educação e a mídia, deve promover a conscientização da sociedade e quebrar tais preconceitos culturais e raciais, através de campanhas, fomentação de políticas públicas eficazes para proteger e valorizar a comunidade brasileira afrodescendente, como o ensino em escolas através de palestras e preservar os patrimônios culturais materiais e imateriais através da manutenção de obras e investimentos de capital nesta, por parte do Poder Público, a fim de concretizar o bem-estar social e tornar explícito a importância da herança cultural africana para a construção da história e do território nacional brasileiro.