Conforme o filósofo chinês Confúcio, "Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros.". Tal sentença expõe-se semelhante ao atual contexto brasileiro, dado que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil são impasses constituídos por cicatrizes históricas. Logo, cabe a análise em torno dos alicerces desse problema, os estigmas sociais e a lacuna educacional.

Diante desse cenário, evidencia-se que os estereótipos e preconceitos no que tange à cultura afro-brasileira se elucida como principal barreira. Nesse sentido, a série de televisão "Todo mundo odeia o Chris", que retrata um garoto negro em uma escola de brancos, exemplifica os tabus e preceitos em torno da cultura afro. Na trama, Chris, um garoto americano, é tratado por seus colegas como africano, com diversos costumes do povo negro implicados sobre ele de uma forma pejorativa, evidenciando como a cultura africana é repudiada pelo povo branco. Assim, torna-se perceptível a necessidade de diálogo sobre a discriminação contra a comunidade preta.

Ademais, o descaso no sistema de ensino é um algoz na perpetuação da apatia social sobre a herança africana no país. Sob esse viés, o pensador alemão Immanuel Kant disserta que "O ser humano é aquilo que a educação faz dele.", mostrando a importância da efetivação de uma educação voltada para a promoção do conhecimento acerca da ascendência brasileira. A falta de matérias de enaltecimento da cultura afro na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) mostra a culpa dos órgãos públicos na indiferença do povo sobre os patrimônios africanos no Brasil.

Portanto, nota-se que há empecilhos para a valorização da herança africana na nação. Cabe ao Ministério da Igualdade Racial — órgão responsável pela garantia da igualdade entre as raças — implementar medidas para resolução do entrave, como a criação de matérias obrigatórias nos cursos de licenciatura. Essas ações seriam efetuadas mediante Programas de Aceleração de Crescimento (PAC) — redirecionando verbas para a reformulação da grade curricular nos cursos superiores — de modo a alastrar a relevância do conhecimento acerca da cultura afro-brasileira e toda a influência que ela exerceu sobre a constituição da sociedade moderna.