Para Clément Rosset, toda realidade é cruel. Essa crueldade é facilmente observada no desafios para valorização da herança africana no Brasil, que que enfrenta diversos obstáculos para alcança seu potencial. Nessa perspectiva, é nítido um cruel problema, que resulta da falta de informação e da omissão governamental, fatores que limitam o apoio e o avanço necessário.

Em primeiro lugar, figura o desconhecimento da população sobre o tema. Para Platão, "a parte que ignoramos é muito maior do que tudo quanto sabemos". De fato, há uma ignorância generalizada sobre a valorização da herança africana, uma vez que a sociedade negligencia o ensino sobre costume e tradições da cultura africana, acaba interferido entre as noções de indentidade individual e identidade cultural, o que traz um abandono de suas próprias culturas. Por consequência, de uma educação limitada.

Além disso, negligência do poder público é preocupante. A teoria das instituições zumbis, de Zygmunt Bauman, critica a ineficácia das instituições na sociedade contemporânea. Tal fragilidade é nítida no papel do Estado frente a valorização da herança africana, visto que se não existe um alicerce de estrutura e difícil de vislumbrar uma valorização. Isso acarreta a falta de reconhecimento, gerando distorções nas suas próprias leis .

Portanto, uma intervenção é necessária. Para isso, o Estado deve criar uma agenda específica para o valorização da herança africana, por meio de uma lista de ações públicas, a fim de reverter a ineficiência em que se encontra e agir sobre a falta de informação da população frente ao tema. Tal ação pode, ainda, contar com consultas públicas para entender as necessidades da população.Dessa forma, será possível vislumbrar uma realidade menos cruel.