O termo Sankofa, de origem africana, representa a ideia do retorno para a terra-mãe, podendo, também, ser associado ao conceito de trazer de volta o significado das coisas, buscando de forma intrínseca nas raízes do ser, um modo de eterno pertencimento. Direcionando para a realidade brasileira atual, essa concepção não é comumente aplicada, tendo em vista a maneira que a herança africana é desvalorizada. Esta, encontra dificuldades perante diversos casos de racismo religioso, além da emergente tentativa de apagamento cultural africana.

Tendo em vista essa problemática, o "complexo de Israel", um conjunto de comunidades presente na cidade do Rio de Janeiro, é um latente exemplo da maneira que o racismo religioso performa. Em determinados espaços dessa localidade, criminosos, auto declarados evangélicos, censuram, perseguem, pubem fisicamente e destroem propriedades de moradores ou organizações de cunho religioso afro-brasileiro. Tais ações ferem gravemente o direito garantido pela constituição federal de 1988, que protege a liberdade de todos os indivíduos de performarem qualquer forma de expressão religiosa.

Ademais, Angela Davis, filósofa e escritora, compara o apagamento cultural a uma forma de violência, tendo em vista que algo é arrancado com chances pífias de serem recuperadas. As tentativas de retificar essas heranças, muitas vezes são inviabilizadas e até mesmo marginalizadas, por grupos que buscam não somente exterminar corpos, como eliminar rastros da existência cultural, artística e social de origem africana da história.

Abordadas tais problemáticas, surge a necessidade de elaboração de medidas que busquem resolvê-las. Cabe ao estado, junto ao ministério da cultura, promover ações, como eventos e palestras, em escolas - lugares de formação moral - reafirmando a importância, beleza e legado das heranças africanas, para jovens em processo de desenvolvimento. Para além, é necessário que o ministério da justiça e da cidadania garanta a segurança daqueles que assim desejam expressar suas crenças religiosas afro-brasileiras, reforçando leis atuais, e criando novas que abrangem essa necessidade fundamental.