O art. 227 da Constituição Federal vigente no Brasil assegura ser dever do Estado, da família e da sociedade oferecer dignidade a todas as crianças e adolescentes. No entanto, quando a realidade dessas crianças e adolescentes é observada — com enfoque maior naqueles que estão às margens da sociedade —, é perceptível como suas bases, enquanto indivíduos, tornam-se escassas ou inexistentes.

A redução da maioridade penal afeta, quase que exclusivamente, adolescentes periféricos, uma vez que recorrer à criminalidade surge de fatores estruturais como fome e abandono, fruto da negação dos seus direitos. "Ensaio Sobre a Cegueira", obra do escritor português José Saramago, retrata uma sociedade marcada pela apatia e negligência coletiva, cenário atemporal similar ao cotidiano desses jovens, visto que se torna comum a progressiva exclusão social deles.

Além disso, a crônica "Eu Sei, Mas Não Devia", de Marina Colasanti, perpassa por absurdos diários aceitos pela conformidade, como o contínuo roubo dos direitos — regidos por lei — dos jovens das classes mais subalternas. Seja pelo sucateamento do ensino ou pela ausência de políticas públicas, inúmeras são as formas de reafirmar o lugar onde os "populares" devem permanecer socialmente. Ademais, a redução da maioridade penal no Brasil tem um viés punitivo — um "atalho" para castigar, ao invés de educar e reintegrá-los à sociedade.

Em suma, fica evidente a necessidade da execução de campanhas de conscientização. Por meio de redes sociais ou palestras em locais públicos, instituições não governamentais e de ensino devem promover o debate sobre as causas que pavimentam o caminho ao crime, a fim de garantir que esses jovens não estejam sujeitos às mazelas sociais e possam ser integrados como indivíduos.