Conhecido como o "pai da medicina", Hipócrates é associado à frase "o homem saudável é aquele que possui equilíbrio entre o estado físico e mental". Dessa forma, o grego destaca a importância de uma boa situação mental para a saúde como um todo. Entretanto, o que é observado no século XXI é o oposto às ideias de Hipócrates, evidenciando os desafios para o bem-estar mental da sociedade. As causas que colaboram para a trivialização desse tópico são: a falta de obras científicas acessíveis e a banalização por parte da população.
Diante desse cenário, é notável que a escassez de conteúdo científico para a população geral contribui para a permanência do problema destacado. Nesse sentido, o livro "Ansiedade: como enfrentar o mal do século", de Augusto Cury, tem como objetivo descrever a ansiedade e outros transtornos constituintes do cotidiano contemporâneo de forma acessível ao público leigo. A obra de Cury pretende alcançar a população que carece de meios de informação, os mais afetados pela ignorância quanto à saúde mental. Apesar disso, a existência desse e de outros conteúdos acessíveis ainda é incapaz de suprir a alta demanda por esses meios de informação, o que resulta no desconhecimento de formas de tratamento e prevenção para os aqueles que mais necessitam.
Ademais, outra adversidade que põe a saúde mental da sociedade em risco é a mediocrização desse tema. A seu respeito, o poeta português Teixeira de Pascoaes defende que "a banalidade é uma obra horrível dos nossos olhos". Sendo assim, Pascoaes interpreta a banalização como impasse para resolução de problemas sociais. Analogamente ao pensamento do autor, é notável a frequente desvalorização do bem-estar mental nos meios sociais contemporâneos, mais acentuadamente na parcela mais pobre da população, cujas pessoas que precisam de atendimentos especializados para a saúde mental são desencorajadas a procurá-lo, levando em consideração gastos econômicos e a crença da ineficiência de tais serviços. Sendo assim, as populações carentes são afetadas pela banalidade do próprio bem psicológico, e suas futuras gerações poderão disseminar mais ainda tais achismos.
Por fim, fica evidente que devem ser tomadas medidas para mitigar a problemática apresentada. Nesse sentido, o Governo Federal – como representante Estado brasileiro – deve, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, criar projetos para o incentivo de produções científicas nacionais sobre a saúde mental, visando educar a população leiga sobre sua importância. Além disso, o governo também deve, a partir do Ministério da Educação e o Ministério da Saúde, realizar programas sociais voltados à população mais carente, a fim de conscientizá-la quanto aos benefícios da procura de profissionais da área psicológica para que, enfim, essas comunidades tenham melhoria da saúde mental. Assim, os ideais de Hipócrates poderão fazer parte da sociedade do século XXI.