Em parte da canção "Aquarela do Brasil", Ary Barroso retrata, a partir da religiosidade na menção ao congado, a influência de costumes culturais presentes no país relacionados à África. No entanto, na contemporaneidade nacional, os desafios para a valorização da herança africana no Brasil contrapõem a visão do compositor, o que traz inúmeros danos à população. Diante desse cenário, é necessário discutir acerca de dois elementos que influenciam nossa temática: a inoperância escolar e a inércia midiática.
Nesse sentido, é válido retomar a negligência da Escola quanto aos desafios para a valorização da herança africana no Brasil. Sob esse viés, segundo o BNCC - Base Nacional Comum Curricular - o sistema educacional deve desenvolver, entre os alunos, a criticidade em relação aos temas sociais. Contudo, as escolas brasileiras são alheias ao ideal da organização na medida em que não promovem debates relacionados à preservação da história e da cultura afro no país aos discentes e à comunidade devido, muitas vezes, ao desinteresse por parte do corpo docente - como os professores e os diretores. Além disso, os livros utilizados no cenário educacional apresentem visões eurocêntricas que não valorizam a não trazem a herança africana como fator relevante presente na sociedade brasileira. Como consequência, a Escola - mesmo com sua função de modelar o corpo civil - corrobora a invisibilidade relacionada à cultura afro no Brasil.
Ademais, a inoperância midiática é um alicerce no que tange à problemática supracitada. Sobre isso, de acordo com o professor Afonso Albuquerque, a mídia é o quarto poder, haja vista que exerce grande influência na população. Percebe-se, sob a óptica do intelectual, a importância dos meios de comunicação na construção dos saberes populares. Porém, tal relevância não é usada no que diz respeito à valorização da herança africana no Brasil por parte da mídia, sobretudo dos canais de televisão - como a Rede Globo e a Record -, uma vez que não promovem a discussão por via de reportagens e entrevistas acerca desse assunto devido, muitas vezes, a uma visão errônea por parte dos órgãos midiáticos que não vêm uma oportunidade de lucro na veiculação de temáticas sociais, como a da cultura afro no país. Dessa maneira, não valoriza a herança africana no contexto nacional, o que contribui para a indiferença do corpo civil quanto a esse tema.
Portanto, diante dos fatos supramencionados, faz-se mister que os desafios para a valorização da herança africana no Brasil sejam mitigados. Para isso, a Escola, - tendo em vista sua importância na educação social - deve, por meio de feiras, de livros e de palestras, promover, periodicamente, debates acerca da relevância da cultura afro no cenário nacional aos alunos e à comunidade, a fim de moldar o pensamento para a valorização das heranças africanas no país. Somado a isso, os canais de televisão - como a Rede Globo e a Record - devem, por intermédio de entrevistas e de reportagens, debater e discutir sobre a relevância dos aspectos sociais, culturais e históricos da herança africana no Brasil, com o objetivo de incentivar a preservação desses saberes por parte da sociedade. Dessarte, o corpo civil brasileiro desenvolver-se-á plenamente.