Clarice Lispector, célebre escritora brasileira, afirmou que "não basta existir, também é preciso pertencer". Porém, de forma antagônica aos ideais de Lispector, a situação do silenciamento das mulheres tem se mantido como um problema persistente na sociedade, limitando o direito de expressão nos meios de comunicação e conversação. As causas que levam à permanência dessa situação degradante são o preconceito contra as mulheres e a invisibilidade quanto à divulgação temática.
Primeiramente, vale caracterizar o preconceito contra as mulheres como barreira para a extinção do silenciamento feminino. Nesse contexto, pensamentos machistas levam muitos homens a interromperem ou banalizarem a fala de mulheres dentro de um contexto comunicativo, além da crença de que a mulher é um ser incapacitado para manter um debate ou conversa, principalmente em ambientes formais. Nessa temática, Voltaire, filósofo iluminista francês, defendeu que "o preconceito é opinião sem conhecimento". Assim, muitas vezes um achismo machista não é baseado em nenhum fato verídico sobre a mulher oprimida, confirmando a percepção de Voltaire mesmo passado o período iluminista.
Outro fator que impossibilita mitigar essa problemática é a invisibilidade dessa situação em quaisquer meios de comunicação. Neste viés, a filósofa brasileira Djamila Ribeiro afirmou que "é preciso tirar a invisibilidade das situações para encontrar as soluções". Assim, seguindo a reflexão da filósofa contemporânea, o silenciamento feminino ainda perpetua por conta do seu desconhecimento por parte da população, que, atrelado ao desinteresse midiático para divulgação dessa forma de opressão, tende a ser esquecido pelos programas governamentais e ONGs em seus projetos contra o machismo.
Por fim, considerando todos esses causadores do problema, torna-se necessário debater medidas para solucioná-lo. O Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, deve criar programas e projetos a fim de caracterizar a mulher para combater a mentalidade machista. Além disso, a mídia, através dos principais programas de rádio e TV, deve incluir mais mulheres em posições de destaque também noticiando casos de silenciamento feminino, para a inclusão e empoderamento. Com essas ações efetivadas, os princípios defendidos por Clarice poderão corresponder à realidade brasileira.