- 30 Ago 2022, 15:19
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Correio do Estado
"VOLTA ÀS AULAS"
Educação presencial no pós pandemia passa pela ansiedade dos alunos e desmonte de tempos
Reclusão pandêmica tem reflexos até hoje nos estudantes, parte de um sistema educacional que há tempos não é prioridade de governo
21/08/2022 18:00 - Leo Ribeiro
Ansiedade nos alunos, por reclusão do ambiente escolar, reflete na qualidade da retomada dos estudos
Ansiedade nos alunos, por reclusão do ambiente escolar, reflete na qualidade da retomada dos estudos - Marcelo Victor/ Correio do Estado
Após dois anos de atividades remotas por conta da pandemia, a educação brasileira sofre com defasagem, ansiedade nos alunos, além do retrospecto de desmonte vivido há tempos no Brasil, cenário esse que levou cerca de 4 milhões abandonarem a escola em 2021, conforme pesquisa do Datafolha.
Quando, apesar de entregues pelos professores, não há o controle e organização das atividades escolares em casa, esses fatores contribuem para a defasagem encontrada na atual rotina presencial nas escolas.
"O aluno em casa ele ficou com quem? Né? Porque os pais precisam sair pra trabalhar. Então a maioria trabalha os dois, a criança fica com vizinho, com uma avó e as atividades que os professores instrutores durante a pandemia nem todos fizeram", comenta a presidente em exercício do Sindicato Campo-grandense dos profissionais da educação pública (ACP), Zélia Aparecida Dos Santos.
Entre os problemas, a nível nacional, a Nova Escola - organização social que atua para apoiar professores da educação básica - apontou em uma pesquisa que, 65,8% professores do país avaliam que os alunos estão mais violentos.
Essa pesquisa foi feita com 5.305 educadores, de forma online, por todas as regiões brasileiras entre os dias 8 e 22 de julho e é quase unânime (97,9%) entre os professores que o aumento da agressividade atrapalha o aprendizado.
"A pandemia teve consequências negativas para toda a sociedade, mas as crianças e adolescentes sofreram mais por ter menos amadurecimento. Não é que elas ficaram dois anos sem ir para escola e perderam só conteúdos escolares, elas perderam dois anos de convivência social em um ambiente que é fundamental para o seu desenvolvimento", aponta Ana Ligia Scachetti, que é diretora da Nova Escola.
Problemas regionais
Entretanto, conforme a atual presidente da ACP, a violência física, apesar de existir, não tem sido tão relatada quanto outros problemas, tão complexos quanto esse de serem resolvidos.
"Temos sim relatos de alunos que voltaram muito agitados, alunos com defasagem na aprendizagem. E também os pais muito exigentes no tocante de cobrar da escola e do professor".
Zélia ainda cita a falta de internet adequada para que, em casa, os alunos pudessem acompanhar as aulas, e isso passa pelo investimento na educação, trabalho que, segundo ela, nenhuma Secretaria de educação, de nenhuma capital, consegue fazer sozinha.
"Propiciar aos alunos e professores uma internet de qualidade, um abiente de escola que seja totalmente planejado, sala de aulas confortáveis, com menos número de alunos por sala. Isso é muito importante para um trabalho eficiente", ressalta.
Ela ainda cita a retirada de verbas, feita pelo Governo Federal, à pasta que administra todo o ensino à nível nacional, o Ministério da Educação, que já teve 5 ministros durante apenas 4 anos da gestão de Jair Bolsonaro.
"Mais de R$ 700 milhões de verbas foram retiradas, 800 bibliotecas foram fechadas, de 2015 para cá. Então é um sistema de educação que ele está capenga. E isso vai uma reação em cadeia, porque nós temos os Estados, os municípios, e a pandemia ela agravou toda essa problemática", afirma Zélia.
"VOLTA ÀS AULAS"
Educação presencial no pós pandemia passa pela ansiedade dos alunos e desmonte de tempos
Reclusão pandêmica tem reflexos até hoje nos estudantes, parte de um sistema educacional que há tempos não é prioridade de governo
21/08/2022 18:00 - Leo Ribeiro
Ansiedade nos alunos, por reclusão do ambiente escolar, reflete na qualidade da retomada dos estudos
Ansiedade nos alunos, por reclusão do ambiente escolar, reflete na qualidade da retomada dos estudos - Marcelo Victor/ Correio do Estado
Após dois anos de atividades remotas por conta da pandemia, a educação brasileira sofre com defasagem, ansiedade nos alunos, além do retrospecto de desmonte vivido há tempos no Brasil, cenário esse que levou cerca de 4 milhões abandonarem a escola em 2021, conforme pesquisa do Datafolha.
Quando, apesar de entregues pelos professores, não há o controle e organização das atividades escolares em casa, esses fatores contribuem para a defasagem encontrada na atual rotina presencial nas escolas.
"O aluno em casa ele ficou com quem? Né? Porque os pais precisam sair pra trabalhar. Então a maioria trabalha os dois, a criança fica com vizinho, com uma avó e as atividades que os professores instrutores durante a pandemia nem todos fizeram", comenta a presidente em exercício do Sindicato Campo-grandense dos profissionais da educação pública (ACP), Zélia Aparecida Dos Santos.
Entre os problemas, a nível nacional, a Nova Escola - organização social que atua para apoiar professores da educação básica - apontou em uma pesquisa que, 65,8% professores do país avaliam que os alunos estão mais violentos.
Essa pesquisa foi feita com 5.305 educadores, de forma online, por todas as regiões brasileiras entre os dias 8 e 22 de julho e é quase unânime (97,9%) entre os professores que o aumento da agressividade atrapalha o aprendizado.
"A pandemia teve consequências negativas para toda a sociedade, mas as crianças e adolescentes sofreram mais por ter menos amadurecimento. Não é que elas ficaram dois anos sem ir para escola e perderam só conteúdos escolares, elas perderam dois anos de convivência social em um ambiente que é fundamental para o seu desenvolvimento", aponta Ana Ligia Scachetti, que é diretora da Nova Escola.
Problemas regionais
Entretanto, conforme a atual presidente da ACP, a violência física, apesar de existir, não tem sido tão relatada quanto outros problemas, tão complexos quanto esse de serem resolvidos.
"Temos sim relatos de alunos que voltaram muito agitados, alunos com defasagem na aprendizagem. E também os pais muito exigentes no tocante de cobrar da escola e do professor".
Zélia ainda cita a falta de internet adequada para que, em casa, os alunos pudessem acompanhar as aulas, e isso passa pelo investimento na educação, trabalho que, segundo ela, nenhuma Secretaria de educação, de nenhuma capital, consegue fazer sozinha.
"Propiciar aos alunos e professores uma internet de qualidade, um abiente de escola que seja totalmente planejado, sala de aulas confortáveis, com menos número de alunos por sala. Isso é muito importante para um trabalho eficiente", ressalta.
Ela ainda cita a retirada de verbas, feita pelo Governo Federal, à pasta que administra todo o ensino à nível nacional, o Ministério da Educação, que já teve 5 ministros durante apenas 4 anos da gestão de Jair Bolsonaro.
"Mais de R$ 700 milhões de verbas foram retiradas, 800 bibliotecas foram fechadas, de 2015 para cá. Então é um sistema de educação que ele está capenga. E isso vai uma reação em cadeia, porque nós temos os Estados, os municípios, e a pandemia ela agravou toda essa problemática", afirma Zélia.