Na obra "Ensaio Sobre a Cegueira" de José Saramago, expõe um ambiente caótico no qual a população encontra-se infectada pela "cegueira", não só física mas também moral. De maneira paralela à literatura, tem-se a herança africana apagada e pouco valorizada como um fato sempre atual, uma vez que no Brasil o corpo social tem o olhar pouco voltado para a dura realidade. Desse modo, é crucial analisar as causas dessa problemática.
Em primeiro lugar, é crucial reconhecer a falta de Políticas Públicas eficazes, que abordem e olhem para os negros afro-brasileiros e sua rica cultura, já que por muitos anos o governo vem negligenciando, com isso mostra o descaso do Poder Público e da sociedade quando o assunto se é os negros. Acerca disso, segundo o sociólogo Bauman, afirma que "Em tempos de modernidade líquida, nada é feito para durar", isso mostra como a ausência de estratégias duradouras, que não se percam com o tempo, é o que se tornem reais na prática.
Além disso, é de extrema urgência que a grande mídia dê voz ao legado afro-brasileiro e debata sobre a real importância dessa herança tão brasileira que pouco se comenta e tão pouco se valoriza. Sob esse viés, segundo Eduardo Galeano, a primeira condição para modificar a realidade é conhecê-la; com isso surge a importância que a mídia se manifeste de maneira ativa, não só em momentos comemorativos, mas também em todas as oportunidades de deixar com que a herança negra nunca se apague.
Portanto, cabe ao Estado investir grande parcela do PIB na cultura e educação dos povos afros, tal ação através do Ministério da Cultura e dos veículos de comunicação. Somente com essas ações coordenadas, certamente o resultado será expressivo e a sociedade moralmente cega, descrita por Saramago, voltará a enxergar e assim caminhará para uma nação a história do seu povo.