O renomado escritor brasileiro Machado de Assis foi vítima do processo de embranquecimento, sendo retratado pela mídia como um homem branco. Tal representação evidencia o racismo estrutural enraizado na sociedade brasileira, oriundo do processo de colonização, que buscava apagar a cultura do povo negro, por isso, o passado colonial persiste no contexto atual por meio da desvalorização e estigmatização do legado e da herança afro-brasileira. Logo, deve-se discutir o papel do Estado no setor escolar, e a forma com que a mídia se posiciona diante da atual conjuntura.

Inicialmente, cabe ressaltar a insuficiência governamental perante a oferta de uma educação valorizadora do legado afro-brasileiro. Em suas obras o teórico brasileiro Paulo Freire aborda como a formação de docentes precisa ser crítica, e capaz de transformar a realidade escolar em que estão inseridos, dito isso, é notório que uma parcela considerável de professores passam por dificuldades ao tentarem promover aulas que dialoguem com o que de fato foi produzido pela cultura negra como, o maracatu, e a capoeira. Tais impasses dos docentes ocorrem devido as bases curriculares defasadas, bem como a formação de professores pois, ambos reforçam os estereótipos já existentes, como a redução da história africana ao período da escravidão.

Além disso, a forma com que a mídia se posiciona perante à desvalorização persistente na sociedade corrobora com a gravidade da situação, já que, em filmes, séries, novelas e propagandas, a pessoa negra é muitas vezes invisibilizada sendo colocada em papéis secundários de pouco destaque, e em papéis de relações servis. O posicionamento midiático citado se confere no novo filme do livro "O morro dos ventos uivantes", em que o protagonista originalmente negro, foi substituído por um ator branco, ações como estas impactam diretamente na construção identitária da atual e próxima geração negra que, não conhecerão suas verdadeiras raízes. Frente a isso, é necessário que medidas sejam tomadas para impedir a desvalorização da herança africana no Brasil.

Portanto, é dever do Ministério da Educação em parceria com as secretarias estaduais a promoção de palestras e cursos gratuitos de valorização da cultura africana para professores por meio de verba educacional, bem como, a inserção de estudos africanos na grade curricular mediante a disciplinas para isso. Cabe também ao Ministério da Cultura juntamente a Secretaria de Comunicação Social garantir que filmes, propagandas e novelas adotem uma postura representativa e plural do povo negro e sua cultura por meio da fiscalização das produções midiáticas. Por fim, tais ações serão responsáveis por impedir a desvalorização do legado afro-brasileiro.