Na obra literária Brasil, o país do futuro, publicada em 1941 pelo escritor Stefan Zweig, o autor descreve o país como uma nação eficiente e unida, apesar das diferenças. Todavia, fora da idealização de Zweig, a realidade contemporânea está longe disso, haja vista o constante aumento da evasão escolar nos últimos anos devido à ineficiência na manutenção das desigualdades sociais e à infraestrutura precária de diversas escolas. Dessa forma, convém analisar os fatores causais desse quadro.

Percebe-se, primeiramente, que o descaso estatal possui íntima relação com o crescimento da disparidade social. Nessa ótica, de acordo com o intelectual inglês John Locke, configura-se como o rompimento do contrato social, já que o Estado não cumpre com sua função de garantir que todos desfrutem e tenham acesso a seus direitos. Assim, devido à débil ação do poder público e às insuficiências das legislações, os impasses para acabar com a evasão escolar no Brasil, e, consequentemente, a desigualdade social — uma das principais causadoras da problemática — têm crescido cada vez mais.

Ressalta-se, ainda, a infraestrutura precária de muitas escolas brasileiras, que causa o desinteresse e a desistência dos estudos por parte dos jovens. O reflexo da má organização e da má gestão do dinheiro público demonstra a falta de comprometimento do Estado diante da Constituição de 1988, que estabelece, no artigo 3º, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais. Ademais, as promessas não cumpridas pelo Estado não apenas apresentam ao povo que o desenvolvimento socioeconômico do país não é importante, mas também reforçam a desilusão popular em relação ao futuro.

Portanto, devem ocorrer mudanças para que o enfretamento da evasão escolar no território nacional tenham um fim. Para isso, cabe ao Governo, como o Ministério da Educação desenvolver mais projetos que incentivem os estudantes e auxílios financeiros - como o projeto Pé de meia. Por fim, uma sociedade e um país mais próxima da ideia de Stefan poderá ser alcançada.