Na Inglaterra do século XXI era comum que família da elite restringissem a educação de suas filhas - somente as meninas - à aulas domiciliares que consistiam em ensinar somente os papéis tradicionais da mulher, nos cuidados da casa e na performance da feminilidade, podando a liberdade criativa e de expressão dessas mulheres. De forma análoga, pode-se notar um movimento de resgate à essa prática, hoje chamada de "homeschooling", no Brasil do século XXI. Tal proposta possui falhas primordiais, como a ausência das relações sociais entre crianças e adolescentes - presentes no ensino escolar - e da falta de supervisão por outros adultos não familiares que sejam capazes de observar possíveis sinais de abuso.
Em primeiro lugar, é evidente que o contato com outras pessoas de mesma idade de extrema importância, visto que essas interações serão fundamentais para seu desenvolvimento enquanto indivíduo social. Como apresentado no filme "Marilda" baseado na obra de Roald Dahl, em que a protagonista de mesmo nome enfrenta a resistência de seus pais em enviá-la à escola, quando eles finalmente o fazem Marilda descobre que o ambiente escolar é onde ela faz amizades, exercita a criatividade e até desperta habilidades desconhecidas. Assim sendo, o ambiente escolar é primordial na formação do aluno, pois influencia diretamente na sua noção enquanto cidadão, ao exercitar a empatia, a solidariedade e a compaixão, aprendendo a compartilhar e ouvir, situações inexistentes num contexto exclusivamente familiar.
Ademais, ao ser enviado ao espaço físico escolar, o aluno se coloca em supervisão por outros adultos que não são seus pais , que podem averiguar duas condições físicas e mentais, e constatar se há sinais de violência. Casos assim já foram retratados no cinema com o filme "Escritores da Liberdade", em que uma atenciosa professora de Literatura percebe evidências de violência doméstica sofrida por um aluno e o ajuda a fazer uma denúncia formal, evidenciando a importância da sala de aula.
Urge, portanto, que medidas sejam tomadas para sanar o problema discorrido. O Ministério da Educação, na sua condição de órgão regulador do sistema educacional brasileiro, deve limitar a atuação do ensino ao espaço físico escolar por meio de leis que incentivem aulas ministradas somente por profissionais qualificados, com o objetivo de melhorar a qualidade da educação e formar novos cidadãos responsáveis no país.