Conforme a pensadora brasileira Djamila Ribeiro, o primeiro passo para solucionar um problema é tirá-lo da invisibilidade. No Brasil contemporâneo, a teoria de Ribeiro se aplica no que diz respeito a intolerância religiosa, visto o escasso empenho social para reverter esse empecilho alarmante. Essa situação condiciona nos seguidores de religiões marginalizadas — como a Umbanda e o Candomblé — a presença de preceitos discriminatórios e invalida a fé alheia. Dessa forma, faz-se necessário avaliar os fatores que contribuem para a manutenção desse panorama: a ausência de ações do Estado e a indiferença social diante da temática.

Em primeira análise, é fundamental destacar a influência do Estado na perpetuação dessa conjuntura. Segundo o Maquiavel, filósofo romano, o governo busca atender as demandas daqueles que trarão retorno político, dessa maneira, fortalecendo seu poder. Nessa ótica, o poder público brasileiro não prioriza a mobilização social no que tange ao respeito de todas as formas de expressar a fé, deixando religiões de matriz africana, por exemplo, em estado de vulnerabilidade. Em síntese, o governo brasileiro não atua no combate a intolerância religiosa devido essa ação não representar uma vantagem política.

Ademais, é necessário frisar que as questões comunitárias são intimamente ligadas a persistência da intolerância religiosa no Brasil. Nesse ínterim, a cegueira moral, fenômeno explorado por José Saramago em sua obra "Ensaio sobre a Cegueira" mostra que a alienação social rente a um problema marcado pelo individualismo, reforça a ausência de caminhos para solucioná-lo. A realidade exposta por Saramago pode ser exemplificado quando a mídia e as instituições de ensino não promovem o acesso às diferente religiões atuantes no país. Sendo assim, com a falha nesse sistema, os indivíduos são induzidos a permanecerem sendo vítimas da intolerância.

Dado o cenário exposto, é imprescindível dissolver a intolerância religiosa no Brasil. Para tanto, o governo federal — órgão responsável pelo bem-estar social — deve, através de canais midiáticos, como a televisão aberta, promover o contato da nação com as diferentes crenças existentes no país, mediante palestras e programas educativos. Essa ação terá como finalidade instruir o corpo civil no que se refere às religiões, assim promovendo a dissolução de preconceitos que invalidam a fé do próximo. Por fim, por via de ações exequíveis, a intolerância religiosa poderá ser erradicada do país verde-amarelo.